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O PROPÓSITO DA SALVAÇÃO EM 1 PEDRO (parte 4) – por Leonardo Dâmaso

c) A revelação do plano de resgate.
    20 … conhecido, com efeito, antes
da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós.
      Vimos anteriormente sobre a primeira
doutrina central da fé cristã, ou seja – “a redenção dos pecadores eleitos”.
Pedro, contudo, encetou, dizendo que os cristãos não foram resgatados pela
prata ou pelo o ouro do estilo de vida fútil que viveram recebidos como
tradição de seus antepassados, mas pelo sangue precioso de Jesus Cristo
derramado na cruz em sacrifício por eles (vs.18-19). Prosseguindo, o apóstolo
enfatiza   a segunda
doutrina central da fé cristã, a saber – a revelação do plano da redenção que
aconteceu na eternidade, antes da criação dos céus e da terra e que foi
executada na história com a encarnação de Jesus Cristo na sua primeira vinda.
Em vista disso, acerca do plano da redenção, dois aspectos estão patentes aqui.
Senão vejamos: 

      i. O
resgate foi planejado na eternidade
. A última palavra do versículo 19 – Cristo – está ligada ao trecho seguinte
composto pelos versículos 20-21 na qual o complementa e o esclarece. Assim,
Pedro está dando continuidade ao assunto que ele começou a tratar no versículo
17 sobre o motivo de vivermos a vida cristã em reverência a Deus.  
     A expressão conhecido, com efeito,
traduzida literalmente do grego προεγνωσμένου (proegnosmenou) – “conhecido previamente [ou de antemão]”, equivale
não somente a presciência de Deus, que é a sua capacidade em conhecer um evento
antes que ele aconteça na história,38 mas abrange algo bem maior. O
contexto, todavia, revela que o propósito de Deus Pai está relacionado
primariamente à eleição que, em seguida, resulta na presciência ou no
conhecimento antecipado da mesma (vs.2; Ef 1.4). Desse modo, o significado da
expressão em voga implica que Cristo Jesus foi “predestinado” na eternidade
para ser o redentor dos pecadores eleitos.  
      
     Não obstante, a expressão antes da fundação do mundo se refere ao período anterior à
criação dos céus e da terra. “É uma maneira poética de falar da
criação, ressaltando o aspecto da ação criadora (ordenada e pensada) de Deus”.39 Logo, Jesus não assumiu o papel
de redentor após o mundo ter sido criado sendo o plano B de Deus Pai para o
“acidente” do pecado; antes, ele foi “escolhido” já na eternidade para esta
magna função (veja Ap 13.8; At
4.27-28; 2Tm 1.9).
   
      William Barclay observa de
modo oportuno que
         Às
vezes temos a tendência de pensar em primeiro Deus como Criador e depois como
Redentor. Pensamos que Deus criou o mundo e, depois, quando as coisas saíram
mal, buscou algum modo de resgatar o mundo mediante Jesus Cristo. Mas aqui
temos a majestosa visão de um Deus que foi Redentor antes de ser Criador. O poder e o
propósito redentores de Deus, o amor redentor de Deus não são medidas de
emergência às quais Ele se viu compelido quando as coisas foram mal. O divino
propósito redentor se remonta a tempos anteriores à criação. Deus é Redentor
tão eternamente como é Criador. Seu amor, assim como o seu poder, vai além do
tempo.40
      ii. O resgate foi executado na história
com a vinda do redentor
. O Cristo predestinado e que já existia antes da
criação foi revelado, agora, no tempo estabelecido por Deus Pai na história
para cumprir o seu propósito de resgatar homens e mulheres que procedem de todo
o mundo (Ap 5.9). No grego, o verbo manifestado é um particípio passivo aoristo
que expressa de modo implícito Deus Pai como aquele que revelou Jesus ao mundo
como redentor, mas, especificamente aponta para o seu nascimento (para detalhes
sobre o nascimento de Jesus, veja Mt
1.18-25; Lc 2.1-7).
        
          João 1.14 – E o verbo se fez carne e habitou
entre nós…
 
Almeida Século 21
    Com a expressão fim dos tempos, Pedro não se refere apenas ao período
da vida de Jesus Cristo quando esteve neste mundo, entretanto abarca todo o
período desde o seu nascimento até a sua segunda vinda em glória (veja At 2.17; 1Tm 4.1-2; 2Tm 3.1; Hb 1.2).
Enquanto que no versículo 5 o apóstolo escreve sobre a conclusão da salvação
que se dará no futuro, aqui, a revelação de Cristo Jesus como o redentor dos
pecado res eleitos é um fato passado. A expressão fim dos tempos, portanto,
constitui a totalidade do tempo do fim inaugurado pela aparição do Senhor
Jesus, uma vez que Pedro entendia e realçou que estamos vivendo neste período
correspondente da história (veja também Rm
16.25-26; 2Tm 1.9-10).
      
       iii. O motivo do resgate. Pedro escreve aos seus destinatários
históricos que a escolha de Jesus Cristo como redentor desde a eternidade e a
sua manifestação no tempo consiste no amor incondicional de Deus Pai por eles
(Jo 3.16). Todos os cristãos – judeus e gentios são privilegiados pelo fato de
Cristo tê-los resgatado sem que merecessem tal libertação do pecado, da lei e
da morte eterna.
       Romanos
5.8 – Mas Deus prova o seu
amor para conosco ao ter Cristo morrido por nós quando ainda éramos pecadores
. 
Almeida
Século 21
    d) A
ressurreição do redentor. 
Após
elencar que Cristo Jesus foi predestinado por Deus Pai na eternidade para ser o
redentor dos pecadores eleitos, e que o plano de resgate já havia sido traçado
também na eternidade (vs.20), antes da criação e do pecado, finalmente, Pedro
encerra esta síntese deveras importante acerca das principais doutrinas da fé
cristã discorrendo sobre a ressurreição do Senhor Jesus.41  
       1.21 … que, por meio dele, tendes fé
em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a
vossa fé e esperança estejam em Deus.
   i. Os
cristãos
 têm fé em Deus
mediante a ressurreição de Cristo Jesus dos mortos. 
O pronome vós, que conclui o versículo 20, é  explicado aqui. São aqueles que,
através de Jesus Cristo (vs.19) tem fé em Deus e são guardados pelo seu poder
para a conclusão da salvação que se dará no último dia (vs.5). Estes, contudo,
são os leitores históricos de Pedro e os cristãos em geral. É somente pelo Deus
filho encarnado que pagou o nosso resgate com o seu precioso sangue  derramado na cruz em sacrifício pelos
nossos pecados, ressuscitou dos mortos (At 2.24, 32, 3.15; 13.30-31, 33, 34,
37; Rm 4.24; 10.9; 2Cor 4.14; 1Cor 15.3-8, 20-23; Hb 13.20) e foi glorificado42 é que temos a fé salvadora e
conhecemos a Deus Pai (Jo 1.18; 14.6).
     ii. A fé e a esperança dos cristãos
devem estar no Deus que também os ressuscitará e os glorificará
. Assim como
Deus Pai mediante o Espírito Santo ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos43 e lhe devolveu a glória que ele tinha
outrora antes da criação do mundo pela sua ascenção (Lc 24.51-53; Jo 17.4-5; At
1.9-11; Hb 1.1-3; 2.9), os cristãos, por meio dele, além de ressuscitarem dos
mortos também receberão glória e honra similares. Nessa mesma linha de
pensamento, Uwe Holmer corrobora que a ressurreição de Jesus constitui a razão
para que os que lhe pertencem também sejam ressuscitados, assim a glorificação
de Jesus é a razão para que os seus também recebam glória.44 A expressão – de sorte que a vossa fé e esperança estejam
em Deus 
seria melhor
traduzida como – “de modo que a vossa fé e esperança possam estar (fixadas) em
Deus”.45  
APLICAÇÃO PRÁTICA
      Tendo
em vista a perseguição que os seus primeiros destinatários estavam sofrendo
como peregrinos que eram nas regiões do Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e
Bitínia (1.1c), Pedro os encoraja, dizendo que a fé e a esperança deles deviam
estar centradas em Deus porque a ressurreição e a glorificação de Cristo Jesus
é a garantia da ressurreição e glorificação deles e de todos os cristãos! Simon
Kistemaker acentua que a glória que Jesus tem agora será a nossa glória no
momento da ressurreição. Esta é a esperança que sustenta a nossa fé no Deus
triúno.46   
NOTAS:
35
Uwe Holmer. Comentário Esperança. 1 Pedro, pág
24.
36
Matthew Henry. Comentário Bíblico do
Novo Testamento – Atos a Apocalipse, pág 864.
37Albert
Barnes. Comentário Expositivo online de 1 Pedro, disponível em:
http://www.sacred-texts.com/bib/cmt/barnes/pe1.htm,
acessado em 11/12/2013.  
 
38
A presciência de Deus é mais
que um simples conhecimento prévio de eventos futuros, antes, envolve os seus
decretos soberanos que foram estabelecidos na história para que todos os
eventos aconteçam nos momentos determinados.
39
Ênio Mueller. 1 Pedro – Introdução e
Comentário, pág 111.
40
William barclay. 1 Pedro, pág 61.
41
É provável que Pedro, aqui, tenha feito alusão de um hino
ou confissão doutrinária acerca das “quatro fases do Cristo redentor”, as quais
são: 1) A pré -existência de Cristo antes da criação; 2) a  encarnação de Cristo no tempo; 3) a
ressurreição e glorificação de Cristo dos mortos; 4) a ascenção de Cristo aos
céus.
42 A palavra glória, no grego δόξαν (doksa), aparece
treze vezes nesta primeira carta de Pedro (vs.7, 8, 11,  21, 24; 2.20; 4.11, 13-14; 5.1, 4, 10-11) e
traz a ideia de “honra e majestade”.  
43 As três pessoas da Trindade estavam ativas no processo
da ressurreição de Cristo Jesus – Deus Pai (At 2.24; 3.15; 4.10;
4.10; 5.30; 10.40; 13.30, 33,
34; 17.31); o próprio Cristo (Jo 2.19-22; 10.17-18) e o Espírito Santo (Rm
8.11).
  
44 Uwe Holmer. Comentário Esperança. 1 Pedro, pág 25.  
45 O termo ώστε “que” é uma
conjunção que introduz a frase e resulta na expressão “de modo que”. O artigo
definido “a” geri os dois substantivos “fé” πίστιν (pistis) e “esperança” έ
λπίς
(elpis). Apesar da tradução da ARA neste trecho ser incerta, haja vista que o
sentido aqui está mais inclinado para uma afirmação indicativa, todavia, existe
a possibilidade de entendê-lo também como um imperativo (exortação). Em virtude
de algumas possibilidades de tradução para este trecho, prefiro interpretar
“fé” πίστιν (pistis) e “esperança” έ
λπίς (elpis) como sujeito, de
modo que “a fé e a esperança dos cristãos estivessem (direcionadas) em
Deus”.          
46 Simon Kistemaker. Epístolas de Pedro e Judas, pág 95.   

Fonte: Trecho extraído do Comentário Expositivo de 1 Pedro do autor.

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