A ETERNIDADE DE DEUS E O INFERNO – THOMAS WATSON
IMPLICAÇÕES DA ETERNIDADE DE DEUS
Aqui está um trovão e um relâmpago para o ímpio. Deus é eterno, portanto os tormentos do ímpio são eternos.
Deus vive para sempre e pelo tempo que viver punirá o condenado.
A conseqüência deve ser como a da escrita na parede: “as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro” (Dn 5.6).
O pecador peca com liberdade, quebra a lei de Deus como uma fera selvagem que estoura a cerca e entra em pasto proibido. O pecador peca insaciavelmente, o mais rápido que pode (Ef 4.19).
Mas lembre-se, um dos nomes de Deus é Eterno e, conquanto seja eterno, tem tempo suficiente para tratar de todos os seus inimigos. Para fazer os pecadores tremerem.
Que pensem nestas três coisas: os tormentos do condenado são ininterruptos, são puros e são eternos.
Os tormentos dos condenados são ininterruptos. Suas dores devem ser agudas e pungentes, sem alívio. O fogo não deverá se apaziguar ou cessar.
“E não têm descanso algum, nem de dia nem de noite” (Ap 14.11). É como alguém colocado numa máquina de esticar, que estica continuamente, que não tem descanso.
A ira de Deus é comparada a um ribeiro de enxofre (Is 30.33).
Por que um ribeiro? Porque um ribeiro corre sem cessar, a ira de Deus flui assim como um ribeiro que manda água sem cessar.
Nas dores desta vida há abatimento e alívio.
A febre passa, uma convulsão vem, mas passa e o paciente fica tranqüilo. Contudo, as dores do inferno são na mais alta intensidade e na pior violência.
A alma condenada nunca dirá que está mais tranqüila que antes.
Os tormentos dos condenados são sem misturas. O inferno é um lugar de pura justiça.
Nesta vida, Deus, quando irado, lembra-se da misericórdia e mistura compaixão com sofrimento, à semelhança da tribo de Aser, cujos sapatos eram de ferro, porém, imersos no azeite (Dt 33.25).
A aflição é o sapato de ferro, mas a misericórdia está misturada com a aflição. Mas, os tormentos do condenado não têm mistura alguma. “Esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado sem mistura, do cálice da sua ira” (Ap 14.10).
Nenhuma mistura de misericórdia. Contudo, o cálice da ira também está cheio de mistura.
“Porque na mão do SENHOR há um cálice cujo vinho espuma, cheio de mistura, dele dá a beber; servem-no, até às escórias, todos os ímpios da terra” (SI 75.8).
O livro de Apocalipse diz que é sem mistura e no salmo diz que não. O cálice é cheio de mistura no que se refere aos ingredientes que o fazem amargo.
O bicho, o fogo, a maldição de Deus são ingredientes hostis. O cálice é misturado e, ao mesmo tempo. puro.
Não haverá nada que possa produzir consolo, nenhuma mistura de misericórdia, por isso é sem mistura.
Na oferta de ciúmes (Nm 5.15), nenhum azeite era adicionado, da mesma maneira nos tormentos do condenado, não há azeite de misericórdia para fazer cessar seus sofrimentos.
Os tormentos dos condenados são eternos. Os prazeres do pecado só duram um período, mas os tormentos do ímpio são para sempre.
Pecadores têm uma alegria passageira, mas uma longa retribuição. Orígenes4″ erroneamente pensou que após mil anos o condenado deveria ser liberto de suas misérias, porém o verme, o fogo e a prisão são eternos.
“A fumaça de seu tormento sobe pelos séculos dos séculos” (Ap 14.11). Próspero48 (da Aquitânia) disse assim: “Os tormentos do inferno punem continuamente, nunca terminam”.
A eternidade é um mar sem fundo e sem praias. Depois de milhões de anos, não há sequer um minuto desperdiçado na eternidade.
O condenado deve ser queimado para sempre, mas nunca consumido, sempre morrendo, mas nunca morto. “Os homens buscarão a morte e não a acharão” (Ap 9.6).
O fogo do inferno é um fogo que multidões de lágrimas não o saciarão, uma grande quantidade de tempo não o findará.
O frasco da ira de Deus sempre gotejará sobre o pecador. Conquanto Deus seja eterno, vive para se vingar do ímpio.
Oh! eternidade! Eternidade, quem pode medi-la? Os marinheiros têm suas sondas para medir as profundezas do mar, mas que linha ou que sonda usaremos para medir a profundeza da eternidade? O sopro do Senhor alimenta o lago infernal (Is 30.33).
Onde encontraremos bombas d’água ou baldes para apagar tal fogo?
Oh! eternidade! Se toda a massa da terra e do mar fosse transformada em areia, e todo o ar até o céu estrelado fosse areia, e um pequeno pássaro viesse a cada mil anos e apanhasse com o bico a décima parte de um grão de toda essa imensidão de areia, seriam necessários inúmeros anos até que a imensidão de areia fosse toda transportada.
Porém, se ao final de todo esse tempo, o pecador pudesse sair do inferno, haveria alguma esperança, mas a palavra “sempre” quebra o coração. “A fumaça de seu tormento sobe pelos séculos dos séculos.”
Que terror é isso para o ímpio, o suficiente para fazê-lo suar frio e pensar. Conquanto Deus seja eterno, vive para se vingar do ímpio.
Aqui pode ser feita uma pergunta:
Por que um pecado que é cometido por pouco tempo deve ser punido eternamente?
Devemos entender como Agostinho que “os julgamentos de Deus sobre o ímpio podem ser secretos, mas nunca injustos”.
A razão pela qual um pecado cometido em um curto espaço de tempo é eternamente punido é que cada pecado é cometido contra a infinita essência, e nada menos que a punição eterna pode satisfazê-lo.
Se a traição contra a pessoa de um rei, que é sagrada, é punida com o confisco e a morte, muito mais contra a coroa e a dignidade de Deus, que é de uma natureza infinita e cheia de ira contra o pecado.
Não pode ser satisfeita com menos que a punição eterna.
0 Comentários